Duarte Mendonça é campeão regional de Corrida XC 2023

A última prova do ano em corrida XC em Parapente apurou o piloto e o respetivo clube à categoria de campeão, Associação Desportiva do Porto da Cruz.

Tecto de nuvens altas e preparativos de material
Preparativos na descolagem

No fim de semana de 2 e 3 de Dezembro realizaram-se 2 mangas de corrida XC, a última prova do ano.

Manga 1


A meteorologia prometia um misto de condições para a 1ª manga no dia 2 de Dezembro.
Pelo lado positivo, teria um bom gradiente de temperatura, com nuvem a formar-se cerca dos 1700m e vento fraco, mas por outro lado o vento vinha leste. Desta direção há tendência a acelerar ao longo da costa. Resulta normalmente em ficar vento demasiado forte para uma aterragem em segurança.

Havendo condições para nos mantermos altos, haviam boas perspectivas de conseguirmos deslocarmo-nos para oeste, onde o vento acelerado de leste chegaria mais tarde, ou talvez até sofresse um desvio pela ilha.
Com isto em mente, decidimos tentar o voo com descolagem a partir do Chão da Lagoa, Funchal.

Outro pensamento na mente era tentar algo novo para os pilotos regionais, nomeadamente a passagem em voo da costa sul para a costa norte. É algo que tem sido equacionado por alguns pilotos há muitos anos mas requer condições particulares, nomeadamente:

  • Vento fraco de uma direção que não provoque vento acelerado nos vales (Efeito Venturi)
  • Altitudes de térmica acima dos 1400m (para dar mais garantias)
  • Em caso de insucesso ser capaz de aterrar num espaço muito exíguo, de preferência, já estudado previamente para confirmar a inexistência de obstáculos em redor.

No entanto avançar em algo novo requer um foco particular e alguma coragem. As possibilidades que considerámos implicam passar para o norte pela Encumeada (~1000m de altitude) ou entrar pelo vale do Curral das Freiras até ao Pico Jorge (~1600m) e cruzar a cordilheira do maciço central, cujo relevo mais acessível encontra-se cerca dos 1400 a 1500m, portanto, mais desafiante.

Mas se havia dia propício para tal era este. Por isso, espíritos (e asas) ao alto, embora lá ver o que se consegue tirar.

2023.12.02.provaDezembro.manga1.mapa.jpg2023.12.02.provaDezembro.manga1.descritivo.jpg
Mapa da manga 1


Assim, definiu-se uma manga para oeste, com Start centrado no Castelejo (Jardim da Serra) e com raio de 5 km, colocando a linha de partida logo nas zonas altas de São Roque, próximo ao vale da Fundoa.

De seguida teríamos de passar pela mesma baliza, mas com um raio de apenas 400m. 
A partir daí era apenas a linha de golo, cuja linha cortava a ponta oeste da ilha na zona do Rochão, Arco da Calheta e a zona do Véu da Noiva, Seixal.
Este desenho permitia fazer golo pela costa sul, ou ... quem sabe pela costa norte?

A hora de Start definiu-se pelas 12.00h e o sentido de rotação para a direita. Os pilotos começaram a descolar cerca de 10 minutos antes.
Deve-se descolar com antecedência, para conseguir subir à vontade e encontrar uma posição que permita atacar a hora de partida com boa altitude.

O Nuno Aguiar foi o primeiro a chegar à zona do Start e pouco depois começou a subir de forma consistente.
O 2º a descolar foi o Nuno Virgílio, piloto continental e actual campeão nacional. Foi convidado nesta prova para dar uma aula sobre técnicas avançadas de voo aos pilotos regionais e dar algumas mostras de voo com base na sua grande experiência.
O Virgílio foi mais para a esquerda subir, que também conseguiu mas com menos consistência. mais tarde acabou por ir para a zona do Start em São Roque.
Os restantes lhes seguiram os passos e rapidamente se deu o Start.

Todos se foram deslocando para oeste, na direcção do Castelejo, garantindo altura antes de atravessar o vale dos Socorridos.
Desse lado costuma-se encontrar várias térmicas mas alguma sombra provocada pelas nuvens estava a baralhar um pouco os sítios habituais.
Aqui havia que voltar a ganhar altura bastante, pois a cordilheira que vai desde as Fontainhas até ao Cabo Girão é uma barreira relativamente alta. Por isso há que chegar alto para voltar a encontrar térmica nesta zona.

Foi aqui que se deram algumas decisões importantes. A maioria foi pelo percurso tradicional, nomeadamente seguir pelo Campanário, Ribeira Brava e adiante.
O Evandro Amaro depois de subir e picar a baliza, entrou para o Curral das Freiras até quase ao Pico Grande, com o objectivo de ir até ao fundo do vale e atravessar para o norte. No entanto a atividade térmica dentro do vale estava reduzida pela sombra das nuvens, o que dificultou encontrar ascendentes para completar o percurso até ao Pico Jorge (pelo menos).
Depois de ganhar alguma altura tentou voltar ao Jardim da Serra. Mas ao sair do vale teve descendentes fortes que o colocariam numa zona isolada em caso de aterragem forçada. Voltou atrás e aterrou abaixo do centro do Curral das Freiras.


O António Freitas depois de subir na Boca dos Namorados, não percebeu que havia a baliza com raio de 400m para picar e seguiu com o seu plano de passar para a Costa Norte. isto fez com que a sua pontuação na manga fosse baixa, apesar da façanha que fez (na verdade não se importou muito com os pontos perdidos). Decidiu ir pelas zonas altas do Campanário, cortando caminho e mantendo altitude entre os 1600m e os 1700m.

IMG20231202123952 Antonio Freitas Encumeada.jpg
Vista da Encumeada, pelo Antonio Freitas


Atravessou o vale da Serra De Água em planeio para a encosta do Paúl da Serra, e daí seguiu para a Encumeada, conseguindo finalmente o seu intento.

IMG20231202125113 Anotnio Freitas Sao vicente.jpg
Descida em voo para São Vicente (Antonio Freitas)


Desceu pelo Vale de São Vicente e depois rumou ao Seixal. Mas não conseguiu lá chegar, aterrando um pouco antes em segurança, mas com descendente forte que lhe causou dificuldades. 

O Nuno Virgílio também foi até à Encumeada, chegando até antes do Antonio, mas o desconhecimento das aterragens no Norte fizeram-no voltar atrás e seguir caminho pela costa sul.

Quem não perdeu tempo em "turismo" pela ilha foram o Duarte Mendonça e o Nuno Aguiar, que cruzaram a meta no Arco da Calheta respetivamente com 53 minutos de prova e 1h02m (desde a hora do Start).
Cruzou ainda em 3º lugar o Nuno Virgílio, que continuou a passear-se até à Ribeira Brava e depois foi aterrar à Calheta, com a companhia do Duarte Mendonça em parte do percurso.

Os restantes não conseguiram chegar à meta, aterrando em segurança antes da mesma.

Resultados da Manga 1

2023-12-02 Prova Dezembro

Race to Goal 22.6 km

# Name Glider SS ES Time
[h:m:s]
Speed
[km/h]
Distance
[km]
Dist.
Points
Lead.
Points
Time
Points
Total
1 Duarte Mendonça Niviuk Artik 6 12:00:00 12:53:05 00:53:05 23.8 22.57 437.6 162.0 400.4 1000.0
2 Nuno Aguiar Niviuk Artik 5 12:00:00 13:02:05 01:02:05 20.3 22.57 437.6 128.6 313.7 879.9
3 Nuno Virgilio Ozone Enzo 3 12:00:00 13:04:30 01:04:30 19.6 22.57 437.6 137.8 294.7 870.1
4 Jorge Abreu Ozone Rush 6 12:00:00 20.29 393.3 115.5 508.8
5 Evandro Amaro Nova Triton 2 12:00:00 8.97 173.8 173.8
6 Antonio Freitas Triple 7 Rook 3 12:00:00 5.60 108.6 108.6
7 Joao Quintal Niviuk Hook 12:00:00 4.00 77.6 77.6

Task definition

No Leg Dist. Id Radius Open Close Coordinates Altitude
1 0.0 km 1DA145 400 m 09:00 18:00 Lat: 32.70687 Lon: -16.91385 1450 m
2 SS 1.5 km 2BE071 5000 m 12:00 18:00 Lat: 32.68308 Lon: -16.97738 716 m
3 6.3 km 2BE071 400 m 12:00 18:00 Lat: 32.68308 Lon: -16.97738 716 m
4 ES 22.6 km 5DA125 100000 m 12:00 18:00 Lat: 32.75213 Lon: -17.13198 1259 m

Manga 2

Para a manga 2 novamente condições mistas. O tecto seria mais baixo que o dia anterior mas ainda assim generoso. Entre os 1300 e os 1400m. Bom gradiente térmico mas a degenerar a partir das 12.00h até às 15.00h, com o abaixamento da inversão para os 1000m.

O mais estranho é ter estas condições com sul-sudoeste fraco, o que iria concerteza aumentar o nível de humidade na atmosfera, fazendo com que as contas da altitude da nuvem sofresse ajustes para menos.

Então combinou-se ir novamente ao Chão da Lagoa e fazer uma manga menos arrojada mas ainda assim com algum trabalho.

2023.12.03.provaDezembro.manga2.mapa.jpg2023.12.03.provaDezembro.manga2.descritivo.jpg
Mapa da manga 2

O início seria da mesma forma que no dia anterior. 5km do Castelejo para Start e repetir a baliza mas com 400m de raio.
Depois teria uma baliza nas zonas altas do Lugar de Baixo, com 1km de raio colocando a linha na Tabua. Por fim a linha de golo centrada no Vasco Gil, alinhada com a Praia Formosa. Assim caso desse para manter-se alto poderia continuar o voo pelas zonas altas e fazer golo.

A hora de Start foi antecipada para as 11.00h. O vento de sul com humidade começou a formar nuvem em frente à descolagem, pelo que tivemos de apressar passo.

Dos pilotos que tiveram disponibilidade para voar apenas 3 se viram em condições de se lançarem em direção às balizas. Novamente o Duarte Mendonça a liderar, seguido de muito perto pelo Nuno Caçador.
Pouco mais atrás vinha o Evandro Amaro.

Os primeiros 2 passaram para o Jardim da Serra e começaram a aganhar altitude antes de ir picar a baliza.
O Evandro seguiu uma linha que permitiu manter altitude em toda a travessa desde o Start, pelo que foi direto à baliza dos 400m no Castelejo. O Evandro e o Duarte Mendonça picaram a baliza exatamente no mesmo segundo.
No entanto o Mendonça e o Caçador fizeram-no já com altitude recuperada. O Evandro teve de se fazer à tarefa. Conseguiu subir e ficou no encalce dos primeiros.

A partir daí mudou tudo. Nas Fontaínhas não haviam ascendentes, ou eram demasiado débeis. Os 3 tiveram de ir descendo mais para a costa, à procura de terreno mais ensolarado e que gerasse térmica.

O Duarte Mendonça com pouca sorte foi ficando baixo e acabou por ir para a parede do Cabo Girão, esperando que no mínimo o vento de costas o levasse mais adiante. Mas na verdade o vento estava escoado e com descendente. A solução possível foi aterrar na Fajã dos Padres.
O Nuno Caçador viu o Mendonça e achou que não tinha condições para seguir por ali. Decidiu retornar e aterrar na Praia Formosa.

O Evandro conseguiu recuperar alguma altura sobre o Parque Industrial de Câmara de Lobos e depois só conseguiu manter-se por cima das antenas do Cabo Girão. Não vendo melhorias decidiu ir por trás da costa para o Campanário. Apercebeu-se que o vento localmente vinha de leste e naquela zona tinha alguma descendente.
No Campanário voltou a ganhar alguns metros, mas novamente não estava a conseguir subir acima de determinado nível.

Então a solução foi seguir em planeio para o mais perto possível da baliza seguinte no Lugar de Baixo , onde aterrou em segurança.
Com isso ficou à frente dos restantes por ter feito mais distância ao longo do percurso ideal, vencendo a manga.

Resultados da manga 2

2023-12-03 Prova Dezembro

Race to Goal 26.6 km

# Name Glider SS ES Time
[h:m:s]
Speed
[km/h]
Distance
[km]
Dist.
Points
Lead.
Points
Time
Points
Total
1 Evandro Amaro Nova Triton 2 11:00:00 13.02 401.1 77.5 478.6
2 Duarte Mendonça Niviuk Artik 6 11:00:00 9.57 294.8 19.9 314.7
3 Nuno Caçador Ozone Delta 3 11:00:00 8.50 261.8 7.7 269.5
4 Marco Macieira Ozone Buzz Z6 3.00 92.4 92.4
4 Joao Quintal Niviuk Hook 3.00 92.4 92.4
4 Duarte Correia Gin Bonanza 2 11:00:00 3.00 92.4 92.4

Task definition

No Leg Dist. Id Radius Open Close Coordinates Altitude
1 0.0 km 1DA145 400 m 09:00 18:00 Lat: 32.70687 Lon: -16.91385 1450 m
2 SS 1.5 km 2BE071 5000 m 11:00 18:00 Lat: 32.68308 Lon: -16.97738 716 m
3 6.4 km 2BE071 400 m 11:00 18:00 Lat: 32.68308 Lon: -16.97738 716 m
4 15.2 km 4BE065 1000 m 11:00 18:00 Lat: 32.70132 Lon: -17.08062 650 m
5 ES 26.6 km 1BN054 50000 m 11:00 18:00 Lat: 32.68145 Lon: -16.95067 541 m

Resultados finais do Campeonato de Corrida em Distância 2023

Disponíveis neste link